O meu primeiro dia de aulas no mestrado será amanhã finalmente. Confesso que já tenho muita vontade de começar. Estou nervosa e ansiosa, mas entusiasmada. Vai ser um novo começo, um novo ciclo, uma nova rotina. Vou conhecer pessoas novas e reencontrar outras. Espero aprender muito e encontrar um bom grupo com que possa trabalhar, sem dramas e outras chatices. Estes dois anos que tenho pela frente serão muito importantes e, provavelmente, os últimos que passarei a estudar. Tenho que aproveitar bem.  


Vivo nesta ambiguidade entre pôr um sorriso na cara, tentando que a tristeza desapareça para que ninguém dê por ela e o ceder ao dia cinzento que me puxa para baixo. Tento ser mais forte e não ceder, mas há dias, como o de hoje, em que as nuvens estão mais carregadas e densas e não deixam passar qualquer raio de sol. Tenho uma imensidão de nuvens constantemente por cima de mim que teimam em pesar nas minhas costas. Sinto-me triste e sinto-me assim há demasiado tempo. 


Normalmente a minha inspiração para escrever textos vem dos livros que leio ou das séries e filmes que vejo. Umas vezes nada me inspira e noutras, parece que tudo é motivo para a imaginação fluir e conseguir escrever. Os cheiros, as flores, as manhãs frescas de primavera, os dias soalheiros ou cinzentos, as noites quentes, a chuva. Gosto de divagar e perder-me em pensamentos e passá-los para palavras. Gosto mais de escrever ao ar livre ou num sitio em que consiga ver o exterior. E gosto, principalmente, de escrever com música de fundo. 


Para muitos hoje recomeçou a rotina do regresso às aulas e para outros foi o inicio de uma nova etapa. No entanto eu ainda tenho mais uma semana de férias. O inicio das aulas do meu mestrado foi adiado uma semana, pelo menos, e por isso ainda tenho mais uns dias de preparação. Estou entusiasmada com o inicio do primeiro ano de mestrado e podia começar já hoje, mas será bom ter mais uma semana para descansar e para me habituar à condução na autoestrada. Estes dois anos que me esperam serão bastante desafiantes e duros, mas espero que sejam igualmente entusiasmantes e recompensadores. Boa sorte a todos os que começam hoje uma nova etapa e entrem com o pé direito!


Este ano terei uma rotina diferente. O meu mestrado é pós-laboral, por isso começo as aulas às 18h e termino por volta das 22h/24h. É um horário completamente diferente ao que tive na licenciatura, como tal requer algumas mudanças. Visto que saio tarde da faculdade, optei por não ir de transportes, mas sim de carro. O problema é que, desde que tenho a carta (há cerca de 10 meses) não voltei para a autoestrada e, confesso, tenho medo. Ontem fui, acompanhada pelos meus pais, para me habituar ao caminho de ida e volta. Ainda não me sinto confiante o suficiente para ir sozinha, mas espero que com mais uma ou duas idas a Lisboa, me sinta o suficiente à vontade para me aventurar sem ninguém ao meu lado...


É nesta altura que tenho saudades da correria ao material escolar. De comprar um caderno para cada disciplina, de escolher as cores e de ficar indecisa com a variedade. Tenho saudades de ter um estojo cheio de canetas de cor e das inúmeras possibilidades de combiná-las nas diferentes disciplinas. Agora as compras são diferentes e em menor número. Agora basta-me um simples caderno, uma caneta e um dossier para arquivar a papelada em casa. Em parte é bom porque não gasto praticamente dinheiro nenhum e também não tenho de andar carregada de livros e cadernos e não me perco dentro do estojo para encontrar uma caneta. No entanto tenho saudades desses tempos, da excitação inicial, da escolha, de tudo o que envolve o inicio das aulas. Agora o entusiasmo é diferente, mas nem por isso menor. Pelo contrário. Sinto-me entusiasmada por estudar aquilo que gosto e isso deixa-me muito contente. 


Este ano tenho lido imenso. Para além das leituras normais (e muitas) para a faculdade, têm sido muitos os livros que me têm passado pelas mãos. Adoro ler e é-me muito difícil entrar numa livraria e não trazer nenhum livro comigo. Gosto de ler nos transportes e gosto, principalmente, de ler ao ar livre. Seja na praia, numa esplanada ou deitada na relva. Só tenho pena de não ter um orçamento que me permita abusar muito, pois, caso contrário, trazia uns quantos de uma só vez.


Este último ano de faculdade não vai deixar saudades em relação a algumas pessoas. No inicio da licenciatura tinha um grupo de seis pessoas, com as quais passava mais tempo. Sempre nos demos bem, mas as diferenças de feitios e formas de pensar faziam com que, volta e meia, houvesse algumas tensões no grupo. Sempre me mantive à parte disso e tentava apaziguar certas situações, mas nem sempre foi possível. A partir de meio do ano passado as coisas começaram a mudar. Ficamos, literalmente, divididos pela metade, visto que três elementos começaram a afastar-se e eu fiquei do lado das duas pessoas com quem mais me identificava, mas nunca me afastando dos outros.
Resumindo, o afastamento foi notório. Já não falavam connosco como dantes e começámos a notar atitudes com as quais não concordávamos. Muita hipocrisia, falsidade e cinismo. Acho que o pior de tudo foi mesmo a falta de comunicação que se gerou daí. Se tivéssemos falado do que nos incomodava, as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas isso não aconteceu...
Com tudo isto percebi que não me identifico com a outra metade que se afastou. São pessoas com as quais não tenho vontade de estar, nem de ter uma conversa, neste momento. Não sou de desistir de amizades e, raramente (mesmo muito raramente), me zango com um amigo. E se visse que valia a pena, lutava para que as coisas se resolvessem a bem. Mas a verdade é que já não os considero como amigos, mas sim colegas. É curioso como as coisas podem mudar tanto no espaço de 3 anos...