LIVROS | BELGRAVIA, Julian Fellowes
setembro 18, 2017
Depois de ver Downton Abbey
nunca mais fui a mesma e após a série ter terminado definitivamente,
ficou um vazio no espaço que antes era ocupado por uma das produções
televisivas que mais gostei de ver até hoje (não sou nada dramática,
pois não?). Agora fora de brincadeiras, a verdade é que a qualidade da
série - com os seus cenários de época lindíssimos, o guarda-roupa
realista, os diálogos ricos e completos - elevou as minhas expectativas
no que diz respeito a séries de época e fez-me querer ver (e ler) mais.
Foi com grande surpresa e agrado que descobri o mais recente livro de Julian Fellowes - o autor da série inglesa - e não demorou muito para que o comprasse, assim que tive a oportunidade. Fiquei imediatamente satisfeita com a capa, mas ao mesmo tempo receei que se tratasse de uma história demasiado semelhante à série, que apesar de ter adorado, procurava agora algo diferente e de leitura mais desafiante. E, em parte, foi o que encontrei. Ainda que seja difícil não fazer comparações entre a série e o livro, é possível dissociar uma coisa da outra, dada a natureza diferente da história de Belgravia.
A narrativa começa em 1815, às portas da Batalha de Waterloo e foca a acção principal num grande segredo que envolve duas famílias - os aristocratas de grandes posses Belassis e os, mais modestos, Trenchard - que não podiam ser mais diferentes. Contudo, para espanto de muitos e desagrado de alguns, os seus destinos cruzam-se e, após 20 anos, começa a ser um problema manter alguns segredos escondidos. Esta é a história principal do livro, ainda que com algumas ramificações. Mas praticamente tudo gira em torno destas duas famílias.
Belgravia foi
uma história que me satisfez, no geral. Confesso que durante os
primeiros capítulos tentei apressar a leitura e não senti que estava a
ser incrível ou tão interessante quanto esperava. Mas aí atribuo a culpa
apenas a mim própria. Pois apesar de achar fabuloso o relato realista
da época, do glamour das recepções e das festas, dos costumes
conservadores e das relações conturbadas, ansiava por saber qual seria o
segredo complicado que alimentaria a história até ao final. E talvez
também esperasse mais dos diálogos, confesso. Julian Fellowes
habituo-nos a uma riqueza tal que essa era uma das características que
esperava ver dominante na sua escrita.
Para quem ainda não recuperou do final de Downton Abbey, este é o livro que entretém, ao mesmo tempo que nos deixa novamente imersos no mundo da aristocracia britânica, no seio de famílias nobres do reino unido. A história não é completamente imprevisível, mas alimenta a curiosidade até ao final. No entanto, se esperam encontrar o tipo de romance tortuoso de Lady Mary e Mathew Crawley ou destinos fatídicos como o de Sybil e Tom, ficarão desapontados. Mas talvez a chave esteja em não nos apegarmos à série e fazermos uma leitura livre de expectativas, suposições e comparações.
BELGRAVIA
Julian Fellowes
402 Páginas
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