FUGAS | Barcelona, 2016

Há precisamente um ano pisei, pela primeira vez, terras catalãs. Num mês de Junho muito semelhante a este, de muito calor, percorri a cidade de Barcelona com dois amigos, durante quatro dias. A energia diária era utilizada até perto do limite, para que nada ficasse por ver. Fizemos em média 20 km diários, a pé, e aproveitamos cada paragem para repor energias para o que ainda faltava ver. Ficamos no centro da cidade, perto do mercado e de inúmeras atracções turísticas e pontos de referência, o que facilitou as deslocações. Foram dias felizes, de longas caminhadas, muito calor, pele bronzeada e muitas recordações.


Visitamos o Mercado La Boqueria e o de Santa Caterina - que avistávamos do nosso apartamento -, passámos o Arco do Triunfo, fizemos um piquenique no Parque da Cidadela, encantamo-nos com La Pedrera e o Parque Güell, entrámos na Catedral de Barcelona e ficámos deslumbrados com a Sagrada Família. Passámos por La Rambla, o Bairro Gótico, a Praça da Catalunha, Montjuic e lá assistimos ao espectáculo nocturno na Fonte Mágica. Os espectáculos de música e dança de rua eram uma constante, tal como os sumos naturais e os gelados de fruta. Comemos Paella e Tapas, descobrimos sozinhos as atracções do Museu das Ilusões, que encontramos por acaso e sentimo-nos no topo do mundo depois da subida ao famoso miradouro Bunkers del Carmel.


Escapou-nos o Tibidabo e a Casa Batló, mas mesmo assim regressamos muito satisfeitos e repletos de memórias encantadas da cidade de Barcelona. Foi uma viagem especial que marcou e celebrou o fim do nosso percurso académico e não poderia ter tido melhor companhia para a fazer.


ACTUALIDADE | Incêndios em Pedrogão Grande

Se ontem acordei em paz e grata por poder desfrutar de uma semana em plena comunhão com a natureza, hoje o sentimento com que comecei o dia foi precisamente o oposto. São devastadoras as noticias que chegam desde madrugada e que hoje marcam a actualidade. O cenário que se vive no distrito de Leiria é de horror e sinto-me completamente devastada por toda a desgraça que se abateu sobre as vilas de Pedrogão Grande, Góis e Figueiró dos Vinhos, que me são tão familiares.

Assistir a toda esta tragédia pela televisão é devastador e transmite-me uma grande sensação de impotência. Estou confortavelmente sentada no meu sofá, enquanto dezenas de pessoas lutam para não perderem as suas casas, as suas vidas. Torna-se ainda mais difícil ver estas imagens pelo facto de conhecer bem as vilas afectadas pelo fogo. As minhas férias são, invariavelmente, passadas no interior do país e conheço a vila de Góis há perto de uma dezena de anos, bem como Castanheira de Pêra e Pedrogão Grande, que foi um dos primeiros destinos das nossas férias em família, quando começámos a fazer campismo. São muitas as memórias que trago comigo destes locais e da sua gente e estou, naturalmente, sensibilizada com a tragédia.

O flagelo dos incêndios repete-se todos os anos, seja por mão criminosa ou provocado por fenómenos da natureza. Às primeiras vagas de calor somos frequentemente confrontados com incêndios de grandes dimensões, centenas de hectares de floresta ardidos, numerosas vitimas e desalojados. Mas não me recordo de algo com esta dimensão, com tantas vidas perdidas - 61, um número com tendência a aumentar, tendo em conta o elevado número de feridos e desaparecidos. E apesar dos inúmeros e incansáveis esforços por parte dos nossos bombeiros, dos populares e da ajuda internacional, parece sempre pouco face à dimensão da área ardida.

Para ajudar, nesta altura em que pouco mais podemos fazer, os quartéis de bombeiros por todo o país estão a aceitar donativos vários - dinheiro, água, barras de cereais e outros bens não perecíveis, que serão depois enviados a quem mais precisa. É um gesto que nos custa muito pouco e que pode significar a diferença a quem vive este pesadelo.

Obrigada a todos os corajosos bombeiros e famílias que estão há horas a combater estes incêndios.

FILMES | ROOM (2015)


When I was four, I didn't even know about the world, and now me and ma are going to live in it forever and ever until we're dead. This is a street in a city in a country called America. And earth, that's a blue and green planet, always spinning, so I don't know why we don't fall off. Then, there's outer space. And nobody knows where's heaven. Ma and I have decided that because we don't know what we like, we get to try everything. There are so many things out here. And sometimes, it's scary, but that's okay, because it's still just you and me.

Não foi fácil escolher um excerto favorito do filme, pois foram vários os diálogos e monólogos que me marcaram, de diferentes formas. Room foi dos filmes que mais gostei de ver nos últimos tempos. De uma crueza incrível, retrata a história de Jack (Jacob Tremblay), um menino de 5 anos que vive com a sua mãe/Ma (Brie Larson), em cativeiro. Ambos partilham um espaço muito pequeno a que Ma chama de Quarto e para o qual cria um universo imaginário, de forma a proporcionar a Jack uma vivência o mais real e rica possível, ainda que limitada a quatro paredes. Para Jack só existe esta realidade - o Quarto. 

Este filme foi, para mim, uma experiência cinematográfica fantástica e completamente diferente do que estou habituada. O director foi capaz de nos apresentar uma história difícil de uma forma original e criativa, sem a tornar mais uma. Lenny Abrahamson guiou-nos de uma forma que foi possível compreender o que aconteceu, sem que fosse, de facto, mostrado. Torna-se evidente, logo de início, o que se passa, mas o facto da história ser relatada da perspectiva de Jack (Jacob Tremblay), atribui-lhe um carácter humano muito mais significativo e emocionante. Foi incrível assistir à relação entre as duas personagens principais e à ligação que os unia, pois era a única coisa a que se podiam agarrar. As metáforas, o universo para lá do Quarto, a luta desta mãe em proporcionar uma vivência completa e rica em experiências ao filho, ao mesmo tempo que vive um pesadelo, é incrível e arrepiante. Lembro-me que Brie Larson venceu o Oscar de melhor actriz por esta interpretação e agora percebo porquê. 

Imagem | Imdb 

RWSP | Maio: Um filme de animação

O tema do mês de Maio do Rewatching Season Project era Um Filme de Animação. A escolha do filme que iria rever foi fácil e feita de imediato. Apesar de toda a nostalgia que sinto ao pensar em alguns dos meus favoritos - como A Pequena Sereia, A Bela e o Monstro, A Dama e o Vagabundo e Alladin, e os mais recentes Rapunzel ou Zootropolis -, houve um que sempre teve lugar de destaque no meio de tantos que vi ao crescer - O Rei Leão.


O Rei Leão traz-me muitas memórias, tantas que quase não cabem em mim. E é um filme que hoje revejo com o mesmo entusiasmo de antes - mas com uma melhor percepção da história, naturalmente -. Quando falo n'O Rei Leão, não me refiro apenas ao primeiro filme. Incluo também o segundo - O Reino de Simba -, que para mim superou o primeiro em alguns aspectos. Tudo no universo Rei Leão é fascinante, desde a história, aos cenários, destacando os momentos musicais e as lições valiosas que aprendi. Cresci a carregar no play do leitor de cassetes e a d'O Rei Leão era a que mais vezes era escolhida.

O Rei Leão arrebatou-me por razões mil e a Banda Sonora mágica e envolvente foi uma delas. As versões originais Can You Feel The Love Tonight e Circle of Life são intemporais e transportam-me sempre para um imaginário de sonhos, onde a felicidade reina. Mas as versões portuguesas foram as minhas predilectas, desde sempre. Ele Vive em Ti e Somos Um são tão especiais, ambas  ricas em tanto significado e mensagens valiosas. Nunca me vou esquecer d'O Amor Vencerá, interpretada pela Lúcia Moniz e pelo Henrique Feist ou da Upendi, que acompanhou um dos momentos mais bonitos e hilariantes do segundo filme, protagonizado pelo Babuíno mais carismático da história dos babuínos, o Rafiki, que falou ao coração de Kiara e Kovu, ensinando-lhes que amar é divertido.


Em relação ao enredo, ambos lembram-nos peças de Shackespeare Hamlet e Romeu e Julieta -, o que, por si só, já é um must-see. No primeiro filme assistimos às aventuras do pequeno Simba - herdeiro do reino de Mufasa. -, que é invejado pelo tio Scar. Este elabora um plano para conquistar o trono e monta uma armadilha mortal. Simba sobrevive, mas Mufasa não resiste e Scar aproveita para culpar o pequeno da morte do pai. Envergonhado, Simba foge do reino, e cresce sob a alçada de Timon e Pumba, regressando anos mais tarde para reclamar o trono.
A sequela - O Reino de Simba - relembra-nos uma história bem conhecida - duas famílias de costas voltadas e dois herdeiros que se apaixonam. Kiara, filha de Simba, e Kovu, filho de Zira que procura vingança pela morte de Scar. Kovu é herdeiro do legado de Scar e Zira deposita nele a esperança de destruir Simba e reclamar para si o Reino. Mas as circunstâncias mudam quando os dois jovens se conhecem e nasce entre eles algo maior do que o sentimento de vingança.

Para além das canções incríveis e do enredo memorável, foram os momentos de humor que também me cativaram em ambos os filmes. E que dupla melhor para nos arrancar gargalhadas que o Timon e o Pumbaa? Adoro o facto de terem tido um papel de destaque no primeiro filme, pois foram eles que ajudaram Simba a crescer, da melhor forma que conseguiram, ensinando-lhe lições importantes. E fiquei felicíssima em revê-los na sequela, ainda que com menos destaque. Hakuna Matata é, definitivamente, uma das melhores filosofias de vida de sempre! A sua problem-free filosofy faz-nos pensar que as preocupações são, muitas vezes, desmedidas, desnecessárias e nada construtivas ou saudáveis. Gostava de levar a minha vida como a deles, não a comer vermes e percevejos, mas livre de preocupações.


O Rei Leão é ainda rico em mensagens e aprendizagens impagáveis e são várias as que hoje recordo com nostalgia. Como o nosso dever de abraçar e respeitar a diversidade. Ambos os filmes oferecem-nos uma imagem lindíssima da natureza e das suas espécies. Mostram-nos que devemos respeitar tudo o que nos rodeia e viver em comunhão, pois fazemos todos parte de um todo -"Everything you see exists together in a delicate balance. As king, you need to understand that balance and respect all the creatures, from the crawling ant to the leaping antelope. When we die, our bodies become the grass, and the antelope eat the grass. And so we are all connected in the great Circle of Life."-.
Com um Simba adulto aprendi que juntos somos mesmo mais fortes, e que "a força está em sermos um". E como diz o Rafiki, não devemos ficar presos ao passado - ou fugimos e evitamos os problemas, ou aprendemos com eles -. E, na minha perspectiva, podemos sempre aprender e tirar lições valiosas dos acontecimentos, enfrentando os nossos medos. Como com o Símba, é provável que o regresso não seja fácil, mas nunca é tarde para tentar. E o resultado pode ser melhor do que o esperado.


TELEVISÃO | Os Desenhos Animados da minha infância


Num dos dias do mês de Março em que o tempo não convidou a passeios ao ar livre, mas sim a sofá e mantas, estava a fazer um rápido zapping na televisão, até que cheguei aos canais de animação e acabei por parar no Cartoon Network. Num momento de completo aborrecimento decidi assistir a qualquer programa que estivesse a dar no momento. Tristemente, seja porque já não tenho 5 ou 10 anos, ou porque os meus gostos e interesses televisivos se alteraram, não encontrei nenhum programa que me suscitasse interesse. Dias depois, em conversa com uma amiga, falamos sobre os Desenhos Animados da nossa infância e partilhamos quais os nossos favoritos. Entre diferenças e semelhanças, acabamos por viver uns minutos muito nostálgicos, a relembrar personagens caricatas, episódios marcantes e canções de abertura. 
Hoje, a propósito do Dia Internacional da Criança, partilho convosco alguns dos Desenhos Animados que marcaram a minha infância, por diversos motivos. Sintam-se à vontade para partilhar também os vossos programas de animação de eleição. E apertem os cintos para o que será uma breve viagem até aos meus anos '90. 
Quem se lembra do cão cor-de-rosa que tinha medo de tudo? Era o Courage e vivia com os seus donos  - um casal de idosos - numa propriedade no meio do nada. Em cada episódio Courage, Muriel e Eustace enfrentavam aventuras bizarras e paranormais, envolvendo criaturas sobrenaturais. Para mim tudo era um pouco assustador na série - a atmosfera, os bonecos medonhos e o suspense. Parece contraditório, um Desenho Animado para crianças, que tem por base o suspense e o terror. Mas a verdade é que a série entretinha e animava, pois apesar do pavor do Courage por tudo o que mexia, era hilariante acompanhar as suas aventuras a tentar salvar os donos das criaturas mais assustadoras. 

| Scooby-Doo (1969-1970)
E no seguimento de programas de animação que me arrepiavam de medo, não podia deixar de lembrar a dupla menos corajosa desta lista. O Shaggy e o Scooby preenchiam as minhas manhãs e lembro-me das gargalhadas que soltava enquanto assistia às aventuras da dupla na tentativa de resolução de mistérios, sempre à boleia da Mistery Machine - uma carrinha pão-de-forma azul e verde.  

| Tom & Jerry (1940-1967) 
É impossível falar de Desenhos Animados e não falar em Tom & Jerry. A dupla de rivais mais caricata de sempre. Era hilariante assistir às inúmeras tentativas do Tom na caça ao Jerry e nos seus falhanços consequentes por causa da perspicácia e alguma sorte do rato. Confesso que por vezes tinha pena do Tom. Mas, apesar de ser a eterna rivalidade entre gato e rato que dava vida à serie, eu adorava os momentos em que ambos demonstravam preocupação um pelo outro e quando colocavam as suas diferenças de lado com o intuito de atingir um objectivo em comum, ou pelo bem de terceiros.   

| Looney Tunes (1930-1969)
O universo Looney Tunes sempre ocupou um lugar de destaque na minha estante de cassetes. Eram várias as que coleccionava e gostava, especialmente, de uma versão que condensava duas cassetes numa mesma caixa. Lá dentro encontrava pequenos episódios com as personagens mais emblemáticas da série. O ícone Bugs Bunny ("Eh, what's up, Doc?") era uma das minhas personagens favoritas, no entanto muitos outros fizeram a minha infância muito alegre, como as duplas de rivais Coyote e Papa-Léguas (Bip Bip!) e Sylvester & Tweety ("I tawt I taw a puddy-tat!") e o Daffy Duck ("You're dethpicable.") .

| A Carrinha Mágica - The Magic School Bus (1994-1997)
Era fã da extravagante Professora Caracóis e das suas visitas de estudo, que de vulgares e normais nada tinham. Desejava secretamente que a minha professora primária fosse como a caracóis, cuja forma didáctica e única de ensinar ciências cativava até os mais preguiçosos. Cada episódio era uma aventura à descoberta de mais conhecimento, a bordo da carrinha amarela, que se transformava e adaptava a cada destino escolhido - fosse numa viagem pelo espaço, pelos oceanos ou à descoberta do corpo humano. Em cada viagem era explorado um novo tema, relacionado com a física, a química e a biologia e mantinha entretido e interessado qualquer pessoa que assistisse.

| Recreio (Recess, 1997-2001)
Lembro-me de ver o Disney Kids, na Sic, e esperar ansiosa pelo tocar da campainha, que anunciava o início da série. Na altura não tinha Disney Channel e o sábado era o dia em que podia assistir às aventuras e traquinices do Vince e dos seus cinco amigos, durante o recreio na Escola Primária. Lembro-me de adorar a Gretchen e de não gostar nada da rígida Miss Finster, que adorava estragar as brincadeiras das crianças no recreio e nutria um ódio especial pelo Vince.

| The Powerpuff Girls (1998-2005)
Não tinha uma única amiga que não gostasse das Powerpuff Girls e era imperativo ver e comentar cada episódio no A.T.L, depois da escola. A série acompanhava as aventuras de três raparigas com super-poderes, na constante tentativa de salvar a cidade de Townsville (*ler com a entoação do narrador) de crimes, monstros e do vilão Mojo Jojo. Criadas em laboratório pelo Professor, a Blossom, a Bubbles e a Buttercup eram o recurso do Mayor quando a cidade estava sob ataque. As Powerpuff Girls voavam, eram super fortes, ágeis e rápidas, super-poderes que lhes conferiam as capacidades necessárias para salvar a cidade.

Nesta, já longa, lista de Desenhos Animados da minha infância incluo muitos outros, como a Brandy & Mr. Whiskers, Dave o Bárbaro, Cow & Chicken, Oliver & Benji, O Tritão de Ned e Johnny Bravo. E adorava descobrir quais foram as séries de animação que recordam com mais carinho. Diverti-me muito a recordar todas estas séries, pois acompanharam o meu crescimento e simbolizam uma grande parte da minha infância feliz. Desafio-vos a fazer o mesmo!