Quando chego à biblioteca, procuro por ti por entre as estantes, mesmo sabendo que não é dia de aqui estares. Tenho pena quando não te encontro, mas agora sei que, mesmo quando não estás, não fico sozinha. Deixas-me sempre alguma coisa escrita. Por isso vou à estante do costume e abro o livro do costume. Encontro um envelope e abro-o. Passo os dedos pelo papel, que está escrito com a tua letra e leio-o:
"Gosto do facto de, para além dos nossos breves encontros, esta ser a única forma de comunicarmos. Não combinamos encontrarmos, mas a verdade é que sei sempre quando te vou ver e, acredita, a expectativa toma conta de mim durante grande parte do dia.
Ah, fiquei com o teu cachecol. Deves tê-lo deixado cair ao sair do café, na semana passada. Reparei nele quando ia a sair, mas já não fui a tempo de to entregar. E ainda bem. Tem o teu cheiro. E de cada vez que olho para ele lembro-me ainda mais de ti e desse teu sorriso que teima em não sair do meu. Hoje, para além desta carta, deixei-te mais um pouco de mim. Gostava de saber se descobriste o que é.
Um beijo, Pedro"
Ah, fiquei com o teu cachecol. Deves tê-lo deixado cair ao sair do café, na semana passada. Reparei nele quando ia a sair, mas já não fui a tempo de to entregar. E ainda bem. Tem o teu cheiro. E de cada vez que olho para ele lembro-me ainda mais de ti e desse teu sorriso que teima em não sair do meu. Hoje, para além desta carta, deixei-te mais um pouco de mim. Gostava de saber se descobriste o que é.
Um beijo, Pedro"
Encosto a carta ao nariz e fico com um sorriso parvo estampado no rosto. Sim, descobri. A carta tem o teu cheiro. Consegues sempre surpreender-me. Sorrio ainda mais quando percebo que não chegamos a trocar contactos. O que quer dizer que a única forma de reaver o cachecol, é ver-te novamente. Sorrio e sorrio apenas. Acho que nunca fiquei tão satisfeita por perder alguma coisa.
Ficção (Capítulo VI)
Podem acompanhar os restantes capítulos no separador "Ficção", aqui.
- fevereiro 27, 2014
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