FACULDADE || O meu Estágio Curricular

No Verão de 2015 a expectativa para saber qual o local onde ia realizar o Estágio Curricular era enorme! Tanta que não parava de falar no assunto. Em Setembro soube que tinha sido aceite para estagiar num hospital da Grande Lisboa. A minha primeira reacção: SIM! foi seguida por emoções mistas, cuja principal foi: M-E-D-O! E agora?! É real. Vou sair da sala de aula e vou aprender de verdade, no mundo real, com pessoas e problemas a sério! Não é brincadeira. Serei capaz? Será que vou gostar? Será que vão gostar de mim? Mil-e-uma questões formuladas. A ansiedade era muita, mas a vontade de partir para uma nova aventura era superior e ansiava por esse passo. Hoje sei que não poderia ter feito melhor escolha!

Fui estagiar para o Gabinete de Neuropsicologia. Um gabinete pequeno para tantas pessoas, inserido no Serviço de Medicina Física e Reabilitação, que foi a minha casa durante 10 meses. O primeiro dia começou algo atribulado. Calculei mal os horários dos transportes, cheguei alguns minutos atrasada e fiz disso um pequeno drama (típico Inês!). Ninguém quer chegar atrasado no primeiro dia. É a primeira impressão e não queria que a minha fosse manchada por um atraso. No entanto, apesar do meu notório stress matinal e das mil desculpas que pedi, a situação foi completamente desvalorizada e deixaram-me descontrair antes de iniciar o meu dia (Ufa!). Conheci o Gabinete, o Serviço e as especialidades que o constituem e foi-me imediatamente entregue uma bata branca e um crachá de identificação, onde se podia ler Estagiária por baixo do meu nome. 

A primeira semana foi uma espécie de dessensibilização ao choque, pois assisti a muita coisa, conheci na prática diversas patologias, tal como vem escrito nos manuais e não só. Durante os três primeiros meses fiz observação de consultas e ensaios clínicos, estudei provas, instrumentos de avaliação e aprendi a aplicá-los. A partir de Janeiro de 2016 foi o momento de passar à prática. Passei a ser eu a estar em frente ao utente e a fazer as avaliações em contexto de ambulatório e internamento. Aprendi a fazer uma entrevista clínica, a colocar as questões acertadas, a aplicar os instrumentos de avaliação, a transmitir o feedback à família, a preparar o relatório de avaliação. Nos meses seguintes percebi como fazer as perguntas certas nos momentos certos, a ler nas entrelinhas e a perceber sintomatologias. Lidei com pessoas adequadas, bem-dispostas, contagiantes, impacientes, pouco flexíveis, agressivas, eufóricas, depressivas, apáticas. Fui colocada em situações de stress com as quais tinha de saber lidar no momento. Vi um pouco de tudo e fiz mais do que esperava. Foi a experiência mais rica e desafiante que vivi até hoje. Permitiu-me crescer de formas que não imaginava e aprender mais do que em 4 anos de faculdade.

Em Fevereiro de 2016 fui convidada pela minha orientadora a complementar o estágio com um projecto de acompanhamento psicológico a crianças em idade escolar e pré-escolar com perturbações do neurodesenvolvimento. Foi para mim um orgulho enorme receber este convite e saber que o trabalho que desenvolvia era reconhecido ao ponto de merecer a confiança de intervir junto de uma população com necessidades especiais. Foi das experiências mais entusiasmantes e felizes que tive. Posso dizer que entrava e saía das escolas de sorriso no rosto e só isso deitava por terra qualquer frustração que pudesse sentir.

Os meus dias passaram a estar ocupados até perto da hora de jantar, pois saía do hospital e rumava às escolas para mais algumas horas de acompanhamento. Foram tempos cansativos, mas o facto de poder ver tantos sorrisos satisfeitos e de acompanhar as pequenas evoluções e conquistas de sessão para sessão, fez todo o esforço valer a pena!

Hoje sinto-me muito orgulhosa do que consegui conquistar. Sei que desenvolvi um bom trabalho e mantive-me fiel às minhas crenças e convicções. Trabalhei 10 meses naquilo que queria, conheci pessoas fantásticas e fiz mais do que algum dia pensei ser capaz. Desafiei-me a fazer mais e melhor e consegui!


5 COISAS QUE APRENDI AO ESTAGIAR NUM HOSPITAL


Se havia experiência que me entusiasmava e pela qual esperei durante todo o curso, essa experiência era o Estágio Curricular - A fase do curso em que ia, finalmente, colocar em prática o que tinha estudado e aprendido durante as aulas. Desde o primeiro ano sentia a necessidade desse contacto com a realidade e foi finalmente conseguido durante o estágio. O local onde estagiei foi-me sugerido e aceitei de imediato. Fiquei entusiasmada por ir para um grande hospital, mas ao mesmo tempo aterrorizada. Não tinha a mínima noção do que era a vida profissional, muito menos em contexto hospitalar, onde as coisas podem ser imprevisíveis. Depois de 9 meses, foi a experiência mais enriquecedora que tive até hoje e que me permitiu crescer pessoal e profissionalmente. 
Foram várias as aprendizagens que fiz ao longo dos nove meses de estágio, das quais destaco cinco:

1. A nossa ansiedade é só nossa:
Aprendi, da pior forma, que aquilo que nos aflige não tem, necessariamente, de afligir os outros. Podemos (e devemos) partilhar os nossos receios e preocupações, mas não devemos nunca querer que os outros passem pelo mesmo. Não devemos sujeitar ninguém às nossas amarguras porque não queremos ser os únicos a passá-las. 

2. Somos mais fortes do que pensamos:
Durante estes 9 meses percebi que sou mais forte do que pensava. Houve momentos, no início do estágio, em que duvidei de mim, das minhas capacidades, em que me senti bem pequenina e inútil. A ansiedade era uma constante e chegava ao hospital com vontade de voltar para casa. Quis desistir, e mudar de local. Pensei nisso várias vezes, mas felizmente não deixei que a ideia se enraizasse. Desistir iria piorar a situação e fazer com que me sentisse mais inútil por não ser capaz de cumprir com os meus objectivos. A situação era quase insuportável, mas sabia que teria um fim, em pouco tempo. Por isso aguentei e esperei e fiz o meu trabalho e aprendi a lidar com situações semelhantes e tornei-me mais forte. Pensava todos os dias que eram só mais dois meses, só mais um mês, só mais uma semana, três dias, amanhã. Até que foi. O motivo da minha ansiedade dissipou-se e pude respirar novamente. Desde então, os meses seguintes correram muito melhor e aprendi mais do que nunca. Se tivesse desistido, não teria aprendido e crescido como cresci. 

3. Chin up, smile on
Por muito que o nosso dia esteja a ser difícil, ou que não tenhamos dormido mais do que um par de horas na noite anterior, é importante que deixemos essas inquietações em stand-by durante o tempo de consulta. A pessoa que está à nossa frente é alguém que precisa de ser ouvida e compreendida e a nossa energia e atenção deve ser canalizada para o problema que nos apresenta. De outra forma, estaremos a ouvi-la e a tentar compreendê-la à luz da nossa realidade e não da dela. 


4. Podemos sempre fazer mais
Antes de estagiar no hospital tinha pouca noção (ou nenhuma) de como se processavam as coisas até à entrada do paciente/ utente no gabinete. A verdade é que há muito a fazer, caso queiram  rigor e as coisas bem feitas. A falta de recursos é, muitas vezes, um entrave à boa qualidade do serviço, é certo. Mas se estivermos dispostos a sacrificar um pouco que seja do nosso conforto em detrimento do bom atendimento aos utentes, as coisas tornam-se menos difíceis. 


5. Avisar em caso de falta (por favor!):
Não apenas por fazer parte das regras da boa educação, mas porque ajuda (e muito) a organização da agenda diária de consultas, é sempre bom quando recebemos a indicação de uma falta, com antecedência. Seja qual for o motivo de falta de comparência à consulta marcada, não deixem de avisar. Pode parecer que não fará diferença, mas a verdade é que se todas as faltas fossem informadas, seria possível ver pacientes em lista de espera e agendar consultas em internamento. 

Estas foram algumas das muitas lições e aprendizagens que a experiência de estagiar num hospital me proporcionou. Brevemente partilharei, com mais detalhe, os pormenores do meu estágio. 

Daydreaming♥ | via Tumblr

Saber que o inicio do meu estágio curricular está cada vez mais perto, deixa-me muito ansiosa. Quero muito ingressar nesta nova aventura, aprender e crescer com esta experiência, mas temo não estar à altura do desafio. No início da próxima semana vou apresentar-me no hospital em que fiquei colocada e começar uma etapa completamente diferente. 

Beyoncé  | via Tumblr

Por esta altura, há 4 anos atrás, estava em grande ansiedade para saber o meu futuro universitário. Neste momento a ansiedade deve-se à espera para saber qual o local onde vou estagiar e para quando o início desta nova e desafiante etapa.

FACULDADE | Estágio Curricular

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Só o título da publicação deixa-me de mãos a tremer. A aproximação desta nova etapa no meu percurso académico provoca-me sensações ambíguas. Por um lado tenho imensa vontade de começar o estágio curricular, de finalmente colocar em prática o que tenho aprendido ao longo destes quatro anos e de aprender a sério! Por outro lado, sinto-me extremamente nervosa. Sei que irei enfrentar uma dura realidade e temo não estar à altura do desafio. Irei deparar-me com casos difíceis e que me irão, certamente, chocar. Mas espero, com o tempo e a prática, aprender a lidar com essas situações e conseguir ajudar quem precisa. Apesar de receosa, estou entusiasmada. Será finalmente a altura de aprender realmente e de colocar em prática o pouco que sei. Apesar de tanto estudo, ao longo destes anos, acho que só vou aprender verdadeiramente com o estágio. Essa sim, será a minha verdadeira prova!