MOVIE 36 | Janeiro em filmes

fevereiro 02, 2018


O meu contributo para o primeiro mês do Movie 36 esteve quase para não acontecer, o que me estava a deixar desiludida, pois tinha estabelecido um compromisso e estava prestes a nem sequer dar-lhe início. Foi um mês atarefado, com a ansiedade nos picos, mas apesar disso consegui ver alguns filmes. Simplesmente não foi tão fácil encaixar espaço para escrever sobre isso.

Dado que não pude dedicar mais tempo e atenção à escolha cuidada e pensada dos filmes para Janeiro, acabei por ver o que dava na televisão, exceptuando a ida ao cinema no sábado passado, mas até essa escolha foi condicionada pelas sessões esgotadas. Estávamos inclinadas para ver os nomeados aos Oscars The Post, ou Chama-me pelo teu Nome, mas tivemos de optar pelo The Commuter, com o Liam Neeson, pois já só tínhamos disponíveis as primeiras filas. 


The Commuter (2018) é bom à semelhança de Taken, Non Stop ou Run All Night com o mesmo actor. Mas é só mais um thriller de acção, em que a personagem principal tenta salvar o dia, desta vez num comboio. Liam Neeson interpreta Michael, um mediador de seguros afecto às rotinas, que viaja há mais de dez anos no mesmo comboio, percorrendo o mesmo trajecto casa-trabalho, as mesmas estações e vendo os mesmos rostos. Numa das viagens de regresso a casa, após ter sido despedido, Michael é abordado por uma misteriosa mulher, que lhe propõe um desafio hipotético, justificando que estuda o comportamento social. O problema é que o desafio nada tem de hipotético. Em troca de 75 mil euros, Michael terá de identificar um passageiro suspeito e que, supostamente, não deveria estar naquele comboio. Aparentemente é apenas essa a missão. Ou talvez não. O tempo limite termina na estação final, fazendo Michael começar a correr contra o tempo para cumprir a missão que se vê obrigado a aceitar.
The Commuter começou por deixar-me intrigada pela premissa e pelo mistério em torno desta missão. Fiquei entusiasmada em saber qual o propósito da mesma e se se tratava, de facto, de uma experiência social, que iria dissecar ao pormenor as diferentes acções de seres humanos face à premissa de uma recompensa, mesmo sabendo que outra pessoa poderia ser prejudicada. Mas afinal não foi bem assim. O suspense depressa desvaneceu e foi só mais um filme repleto de ação. Não é que o filme seja mau, não. Tem imensa acção e, nesse sentido, cumpre o que promete. Mas eu esperava outra coisa. The Commuter entretém, tem laivos de humor e um actor que não desilude. E, por isso, vale a pena. 


No início do mês assisti também ao último Jason Bourne (2016), que já esperava há algum tempo. Sou fã da saga de espionagem - e do Matt Damon - e estava muito curiosa para o regresso do mais procurado ex agente da CIA. Não fui surpreendida, porque já sou assídua nestes filmes, no entanto já não via nada de Bourne há algum tempo e o regresso de Matt Damon à saga, após ter sido substituído por Jeremy Renner em The Bourne Legacy, deixou-me entusiasmada e com a sensação de Boa, ele está de volta! Neste quinto filme, Jason Bourne reaparece, ainda na busca pela verdade sobre a sua identidade e o seu passado, numa altura em que a CIA desenvolve um novo programa para o apanhar. Espionagem, cyber-crime, conspirações politicas e jogos de interesse. Tem tudo e muita acção também. 


O terceiro filme do mês também pertence a uma saga e, neste caso, uma das minhas favoritas do género ação - James Bond. Desta vez calhou o, já visto  Skyfall (2012), que passava no Fox Movies numa maratona. Para mim, o papel de agente secreto assenta que nem uma luva a Daniel Craig e é-me difícil imaginar outro actor no seu lugar, mesmo já sendo da época de Pierce Brosnan e tendo já assistido a alguns dos clássicos com Sean Conory, Roger Moore, ou Timothy Dalton. Será sempre este o meu 007. Em Skyfall, a lealdade de James Bond a M. é posta à prova quando o passado desta volta para assombrá-la. Com o MI6 sob ataque, o agente secreto mais famoso do mundo deve investigar e destruir a ameaça que paira sobre a organização e o país, mesmo que tais actos tragam graves custos pessoais. Este Bond foi mais especial, na minha opinião, pois Skyfall dá-nos um vislumbre mais pessoal de James Bond, não só enquanto agente, mas como homem também, com algumas referências ao seu passado e infância. Este 23º filme da saga reúne vários elementos explosivos, como o regresso de Q.; o enigmático Javier Bardem, como um dos melhores vilões de sempre e a fabulosa M., interpretada pela, igualmente, fabulosa Judi Dench, que transparece várias facetas da sua personalidade neste filme. Começou e terminou emocionante e deixou-me um aperto no coração no final. Acho que este foi mesmo um dos mais humanos e intimos James Bond que vi.

Janeiro foi de acção. Não por escolha, mas porque assim calhou. E apesar de ser um dos géneros que elejo com mais frequência, a par com o suspense ou o drama, vi-me com dificuldade em reflectir sobre qualquer um dos temas, que não dão grande espaço de manobra. Desta forma, a minha reflexão incide na premissa do The Commuter, superficialmente abordada. Quando a mulher misteriosa aborda Michael no comboio, dizendo que é investigadora do comportamento humano e que escolheu aquele contexto para realizar uma experiência social, afastei o cabelo para trás das orelhas e endireitei-me na cadeira do cinema, pronta e expectante para o que se seguiria. E apesar de não ter sido como esperava, o tema fez-me pensar no que a maioria de nós faria numa situação semelhante. Quais as justificações para aceitar, ou não aceitar o desafio? O tipo de recompensa teria influência na decisão? Em quê ou quem pensariam, na hora de tomar uma decisão? Guardo a minha resposta para mim, mas deixo-vos o mote: A troco de uma recompensa aliciante, têm de fazer algo que pode afectar outra pessoa, sem saber ao certo o que é. Aceitariam? 

Esta publicação encontra-se inserida no desafio Movie 36 - ideia original da Carolayne Ramos (Imperium), em parceria com a Sofia Costa Lima (a Sofia world). Podem saber mais sobre o mesmo, nesta publicação de apresentação.

Participantes: Inês Vivas, VIVUS | Vanessa Martins, Make It Flower| Joana Almeida, Twice Joaninha | Joana Sousa, Jiji| Alice Ramires, Senta-te e Respira| Carolina Nelas, Thirteen| Cherry, Life of Cherry| Sónia Pinto, By The Library| Francisca Gonçalves, Francisca | Beatriz Nascimento, Brownie Abroad | Carina Tomaz, Discolored Winter | Sofia Ferreira, Por onde anda a Sofia? | Rosana Vieira, Automatic Destiny.

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2 Comentários

  1. Olá, Inês! Eu queria bastante ver "The Commuter", mas estou à espera que vá parar à Internet. Recomendo-te que, quando puderes, vejas mesmo o "Call Me By Your Name"! Vale muito a pena! :)

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