Nos últimos dias dei por mim a reflectir sobre a brevidade e fugacidade das coisas e do medo que tenho da rapidez com que passam. Um dos meus maiores receios é o de não aproveitar tudo aquilo que tenho ao meu dispor enquanto o posso - e devo! - fazer. Tenho receio que tudo o que me é importante não dure o tempo suficiente que preciso que dure, para que possa desfrutar e, simultaneamente, habituar-me à sua ausência.
Tragédias como as que têm manchado as páginas da história do país e do mundo, levam-me a pensar que podemos e devemos passar por cima dos pequenos contratempos diários com que somos confrontados, de situações insignificantes que, olhando ao nosso redor, não se comparam com os verdadeiros obstáculos que outros enfrentam. Fazem-me reflectir que não devo lamentar as pequenas coisas e canalizar a minha energia para o lado negativo dos acontecimentos. Para quê desesperar no trânsito da cidade ou nas filas do supermercado, ter pouca tolerância com pessoas lentas e rogar pragas às pedras da calçada por um salto arruinado? Não digo que não o façamos de todo, mas pelo menos que não lhes atribuamos uma importância desadequada. Quantas destas, e de outras, situações diárias representarão obstáculos reais e quantas delas serão obstáculos criados por nós? São estes pequenos acontecimentos diários que nos distraem do que é verdadeiramente importante e significativo.
Cada vez tenho mais a consciência e a certeza de que não faz sentido lamentar estes pequenos grãos de areia no nosso caminho. Não faz sentido não viver plenamente, não procurar fazer aquilo que nos dá prazer, com as pessoas que nos são mais importantes. Não faz sentido guardar rancores e alimentar ódios, quando podemos direccionar a nossa energia para as coisas positivas. Acima de tudo, não gosto de ter de ser necessário ser confrontada com uma situação difícil, para reflectir sobre tudo isto e sobre a forma como tenho encarado as minhas pequenas provações diárias.
- agosto 05, 2017
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